2 de nov. de 2011

A pele que tu habitas



Uma semana apos assistir ao novo filme de Almodovar, "A pele que habito", permaneço pensando.


O filme trata com destreza as dificuldades que suas duas personagens principais têm com suas imagens.
Sua trama extremamente rica em detalhes e em questões psicologicas nos prende até o final, e por mais alguns dias.. Da o que pensar.


No meu caso, o que mais me chamou a atenção foram as crises existenciais por que passam as personagens. Cada um tem uma questão, que vai se desenrolando ao longo do filme. O médico aparentemente confiavel, responsavel e bem visto na sociedade mostra sua "outra face", enquanto que Vera, uma mulher atraente e tranquila demonstra todas as suas angustias que permanecem internas, não são expressas.


Nos ultimos 50 anos, pelo menos, vivemos uma cultura de imagens, na qual devemos (ou deveriamos?) exibir uma imagem correspondente aos nossos anseios materiais. Adultos devem exibir (literalmente) seu sucesso e independencia, jovens devem exibir sua revolta, enfim.. Cada um expondo suas ideologias e status...
O que acontece quando ha um exagero, um profundo culto à imagem pura e simples, é a abstração do que ha por tras, no interior das pessoas.. Julgamos o livro pela capa. E todos sabemos que muito além da imagem que representamos ha uma infinidade de outras caracteristicas e interesses muito mais profundos que simplesmente não podem ser deduzidos de nossa "imagem  publica".


Antes de defender com todas as armas sua imagem, ou de criticar a do outro, procure perceber e se questionar o que o leva a se mostrar de tal maneira, quais são suas influências? O que esta querendo afirmar com esta imagem? O que esta tentando esconder com essas mascaras?


O segredo da felicidade encontra-se em aceitar-se tal como é, sem nada a provar nem a si ou aos outros. "Torna-te aquele que és." diz Nietzsche. Conheça a si mesmo, e automaticamente essa sera sua imagem, sua pele. Sem mascaras, sem imagens pré planejadas.


Habita tua propria pele, e não a dos outros.